DIOCESE
DE COROATÁ
VIII ASSEMBLEIA DIOCESANA DE PASTORAL
CARTA
DE SOLIDARIEDADE ÀS FAMÍLIAS CAMPONESAS AMEAÇADAS DA DIOCESE DE COROATÁ
Eles odeiam os que defendem o justo no
tribunal e tem horror de quem fala a verdade. Porque esmagam o fraco cobrando
dele o imposto do trigo. Eles poderão construir casas de pedras lavradas, mas
nelas jamais irão morar (Amós 5, 10-11).
1.
Nós, 205 delegados e delegadas de todas as paróquias da Diocese, junto com
padres e religiosas, o bispo diocesano, Dom Sebastião Bandeira Coêlho,
reunidos na VIII Assembleia Diocesana de Pastoral, que contou com a assessoria
do secretário geral da CNBB, Dom Leonardo Ulrich Steiner, ouvimos com
preocupação e indignação as notícias mais recentes sobre violências e ameaças a
centenas de famílias nas mais de 20 comunidades camponesas e quilombolas nos
municípios de Codó, Timbiras, Arari, Alto Alegre, Pirapemas, São Mateus,
Miranda do Norte e Peritoró, perpetradas por milícias armadas e jagunços, tendo
como consequência destruição de casas, intimidação, ameaças, constantes
pressões, e mortes, afim de que territórios de comunidades tradicionais sejam
disponibilizados para empreendimentos capitalistas.
2.
Denunciamos os latifundiários dos municípios citados, as empresas que produzem
álcool, celulose, os pecuaristas e políticos (dois deputados e um prefeito) e
demais aliados que apoiam o modelo de “desenvolvimento” que não reconhece
direitos naturais e constitucionais, como responsáveis pelas violências contra
as comunidades bem como pela devastação dos cocais e do cerrado.
3.
Destacamos nesse contexto a atuação da Comissão dos Direitos Humanos da OAB-MA
nas pessoas dos advogados Diogo Cabral e Antonio Rafael da Silva Júnior que
estão atuando com admirável profissionalismo e competência a serviço das
comunidades camponesas agredidas e ameaçadas. Diogo Cabral e Rafael fazem parte
de uma longa lista de ameaçados de morte que inclui lideranças comunitárias,
agentes de pastoral e padres da diocese de Coroatá.
4.
Denunciamos como principais responsáveis o ITERMA, o Governo do Estado, o INCRA
e o Poder Judiciário pela morosidade e omissões dos processos de
reconhecimentos de territórios tradicionais e regularização fundiária.
Responsabilizamos, outrossim, o IBAMA e a Secretaria do Meio Ambiente do
Governo do Estado pelo descaso em relação à preservação dos biomas entregues
sem a devida fiscalização à exploração das empresas do agronegócio.
5.
Como Igreja, na certeza de sermos chamados a continuar a missão de Jesus
Cristo, que veio proclamar justiça, o ano de graça do Senhor, a libertação dos
cativos, a efetivação dos direitos, reafirmamos a todos a Boa Notícia que
promete vida em plenitude e abundância para os pobres privilegiados pelo seu
amor.
Coroatá-Ma., 18 de novembro de
2012.